Novas instalações

sábado, 24 de julho de 2010

ARTE É ORIGINALIDADE


O Pedro, finalista do curso de desenho e pintura das Belas Artes, foi incumbido pelo professor de pintar um nu feminino, segundo os moldes clássicos.

Preparou a tela, montou-a no cavalete, reuniu as tintas e os pincéis e colocou estrategicamente todo o material num recanto das águas-furtadas que tinha arrendado no Bairro Alto quando veio estudar para Lisboa.

Arrastou um velho sofá para debaixo da janela aberta no telhado, lugar onde incidiam os raios solares, que a poeira em suspensão ajudava a desenhar, como setas apontadas ao velho cadeirão.

Cobriu o sofá com um grande pano de cetim vermelho que a Escola lhe facultou.

Agora, só faltava encontrar o modelo que se dispusesse a posar durante uma ou duas semanas, naquele quarto andar esconso onde morava o Pedro.

Tentou a colaboração de uma das suas únicas três colegas de curso. Mas uma estava grávida e declinou o convite. Outra, tinha acabado de casar e o marido não iria concordar. A terceira não podia porque era mãe solteira e todo o tempo era pouco para assistir às aulas e tratar da filha.

Um colega sugeriu-lhe que tentasse encontrar alguém no corpo de baile de alguma das duas revistas em cena no Parque Mayer.

No fim do espectáculo a que assistiu nessa noite, pediu para falar, no camarim, com uma das bailarinas que tinha observado todo o tempo, dizendo-lhe que era aluno das Belas Artes e que era por isso que precisava de falar com ela.
Fazia-o em nome da conhecida solidariedade entre artistas.

Ela acedeu a ouvi-lo. Alta, corpo escultural, longos cabelos negros, olhos negros profundos, lábios grossos sensuais, pernas longas, o peito bem desenhado que o pequeno soutien mal cobria.

Durante quinze dias, diariamente, a bailarina subia às aguas-furtadas do Pedro, desnudava-se, deitava-se no sofá, o braço direito flectido, a mão apoiando o queixo, os cabelos negros espalhados pelo ombro e cobrindo parcialmente o seio esquerdo.

As coxas fartas abandonadas sobre o cetim vermelho deixavam entrever a mancha escura que lhe rodeava o sexo.

Concluída a obra, dados os retoques finais, o Pedro apresentou o trabalho na escola.
Tecnicamente estava perfeito, elogiou o professor.
E artisticamente era uma inesperada originalidade!

O professor pediu-lhe que cedesse a pintura à escola, para servir de exemplo aos futuros alunos.

Ainda hoje lá está exposta. A vistosa bailarina era um travesti…

Rui Felício
JUL2010
Nota: O episódio veio-me à lembrança quando há dias o Quito aqui aflorou o tema do Teatro de Revista, a que está indissociavelmente ligado o Parque Mayer.

NA HORA ERRADA!




fotos enviadas por Celeste Maria

Medicamento

Há venda nas boas Farmácias do País.
Um Abraço.
Tonito.

SAN´TIAGO "SONS DA ALMA"

POEMA!

VELA AO ALTO AMAR

Sossega, meu amor, tu já podes sossegar
que eu fechei as portas, as comportas ao alto amar;
eu sei bem que as gotas ainda passam
eu sei bem que as sentes em ti passar
entende, meu amor, são gotas que salgam
sente, meu amor, não são gotas que molham;
ouve no meu colo o silêncio vivo sussurrar
as palavras que já dormem na nossa cama,
os novelos sós que nos enrolam na noite,
um miado doce, subtil de estrela cadente.
O silêncio acendeu-se, o silêncio chama
que eu sosseguei a alma para a alma te secar.

Sossega, meu amor, tu já podes sossegar
que eu fechei as portas, as comportas ao alto amar
e as palavras e os novelos e o miado chamam:
vem, meu amor, não há amor, podes-te deitar.
Sossega, meu amor, tu já podes sossegar
que eu fechei as portas, as comportas ao alto amar.


Um poema de "Miss Joana Well"
Um beijinho de agradecimento à Joana
E à São Rosas outro, que fez o pedido de autorização!

Recomenda-se uma visita ao
blog da Miss Joana Well

UMA NOITE NA " Á CAPELLA"

(Uma pequena passagem do texto de apresetação no blog de Á CAPELLA:www.projectocoimbra.blogspot.com

Rua Corpo de Deus, Capela da Nossa Senhora da Vitória. Abre-se uma porta já fora de horas para missas ou sermões. Trata-se de uma capela transformada em "Casa de Fados". Se na chegada à cidade se pode ver tudo aquilo que dela se diz, aqui surge subitamente todo o espírito da cidade. Uma tradição renovada, de olhos bem abertos, de alma estendida para uma nova ponte. Ainda sem nome, com destino talvez não santo mas certamente claro: uma esperança tão forte e tão mágica que nos faz quase retornar aos tempos em que esta era uma música prenhe de influências de outras músicas e de outras culturas. A história renascida de uma música sempre em fase de embrião que só pode continuar a crescer e a despertar para novos horizontes, atravessando as águas do Rio Mondego e de além-mar, para contar ao mundo uma das belas histórias de amor de sempre, com nome de cidade: Coimbra.

Uma noite de Fado com o Grupo de António Ataíde (voz) e...o primeiro do lado esquerdo é...RUI PATO .

foto de Rui Lucas

REALMENTE, SEM COMENTÁRIOS...O CARA É UM GÉNIO!


Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma....

Francisco Buarque de Holanda

enviada por Suzana Redondo

1º FESTIVAL DAS ARTES-COIMBRA

:: 1º Festival das Artes (Quinta das Lágrimas, Coimbra)
De 18 de Julho a 8 de Agosto a cidade de Coimbra será o cenário de um Festival inédito que, de forma transversal e em torno de um tema genérico propiciará a confluência dos olhares de diferentes formas estéticas e expressivas.
Este verão, em torno do tema aglutinador de “A Noite” e sob o título “As Transfigurações da Noite”, a Fundação Inês de Castro promove, em vários locais emblemáticos da cidade de Coimbra o 1º Festival das Artes.

O vasto programa, disponível no site oficial do evento, inclui iniciativas na área da Música, Cinema, Teatro, Astronomia e Gastronomia assim como conferências e exposições.

No domínio específico do jazz lugar para um concerto da aclamada Orquestra Jazz de Matosinhos, no dia 2 de Agosto, e da pianista Kris Davis, a solo (uma produção do JACC - Jazz ao Centro Clube), no dia 8 de Agosto.



Fomos assistir na Quinta das Lágrimas ao concerto pela Orquestra Gulbeikian, dirigida pela já famosa JOANA CARNEIRO!

Num cenário maravilhoso foi uma oportunidade fantástica assistri ao concerto!


Era para haver um vídeo...mas falhou por motivos imprevistos! Acontece!


Restam umas fotos para ilustrar ao acontecimento!


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cromos do Nosso Bairro

Tenho mais uns cromos, bastante valiosos, para a troca.
Nº 37 - BOY ZÉ - O Alsaciano


Nº 21 - CARLUS FREY - O Terrível


Nº 100 - LEKAS - A Marciana


Nº 75 - ISABEL DE LÓ - A Fotofóbica

UM BONÉ E AS SOBRAS DA APANHA DA CEREJA!




Fotos Celeste Maria

POESIA!



O que uma casa pensa de si
Se nunca foi moradia?
Nunca mais de alguns dias
Nunca mais que um feriado?
O que pensa de si o sobrado?
Que passou os natais fechados
E desfilou carnavais alugados
O que pensa de si a varanda
Que mesmo olhando pro oceano
Só tinha uma rede de pano
Para desbotar com os anos?
- Porque não nasci quitanda?
Teria talvez a esperança
De um dia virar mercado!
Ou continuar armazém
De secos e molhados.
O que pensou de nós aquela casa?
Quando a deixamos sozinha
Do dia pra noite?
Batemos asas como andorinhas
Em busca de outro verão
Virou só uma fotografia
Solar,do que não mais existe
Perdeu o mar na janela
O luar na soleira da porta
Ela nem é mais ela
E ninguém mais se importa
Como se a casa não tivesse coração
Hoje eu descobri,muito triste
Que coração,a casa tinha
Nós é que não.

de Gerson Deslandes

enviada por Rui Lucas

AS MELHORES FRASES DOS PIORES ALUNOS....



As melhores frases dos piores alunos, retiradas dos exames nacionais 2008/2009 do 12º ano*


*O Convento dos Capuchos foi construído no céculo 16 mas só no céculo 17 foi levado definitivamente para o alto do monte.*
(claro! Com o peso demorou 100 anos para subir o monte !!!)

*A História divide-se em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje*
(a Futura é particularmente estudada pela "Maya" certamente)

*O metro é a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre e para o cálculo dar certo arredondaram a Terra! *
(Ups! Até eu me vi atrapalhada para fazer o cálculo. Imaginação tem ele... vai ser matemático de certeza, Portugal precisa de matemáticos com imaginação)

*Quando o olho vê, não sabe o que está a ver, então ele amanda uma foto eléctrica para o cérebro que lhe explica o que está a ver.*
(nada mal pensado. Somos uma máquina fotográfica em potência e em funcionamento contínuo)

*O nosso sangue divide-se em glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e até verdes! *
(acho que faltam os Azuis!!Ah, mas esses com o apito dourado andam em fuga)

*Nas olimpíadas a competição é tanta que só cinco atletas chegam entre os dez primeiros.*
(entende-se agora a prestação de Portugal nos jogos olimpicos!!!)

*O piloto que atravessa a barreira do som nem percebe, porque não ouve mais nada.*
(claríssimo!! Se passou a barreira o som quando chega já ele passou, por isso não o ouve. Será?)

*O teste do carbono 14 permite-nos saber se antigamente alguém morreu.*
(Assim de momento acho que hoje em dia basta verificar se o coração parou ou se respira... quer dizer... digo eu... mas pelo sim pelo não que se faça o teste do carbono 14, se os gajos do CSI descobrem uiui)

*O pai de D. Pedro II era D. Pedro I, e de D. Pedro I era D. Pedro 0*
(E antes foi o Pedro -1, já agora)

*Em 2020 a caixa de previdência já não tem dinheiro para pagar aos reformados, graças à quantidade de velhos que não querem morrer.*
(São uns chatos os velhos! Se o Socras topa o "jogo" deles...)

enviadas pelo LAU (1ª série)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Urtigal


Junto da bica água cristalina
Às torrentes impuras a caminho do Mondego.
Faço da nova ponte mirante da paisagem
E poetizo para dentro de mim:
- É belo o Urtigal!
Ramos Vilaça

In "Terras do Alva" de Carlos A. P. Ramos

Chapeus de chuva

Eu sou um pecador, fui por duas vezes ao Seminário para trocar de aparelho.
Quando apareceram os de pau cromado e pano de nylon eu não resisti.
Já cumpri o meu castigo.
Estou perdoado.
Um Abraço.
Tonito.

A Fotografia



UMA NOITE DIFERENTE...NA DELIGÊNCIA!


DILIGÊNCIA BAR, o “Ex-líbris” das noites de Coimbra.

Aberta desde 1972, tendo sido remodelada profundamente em 1992, é a referência maior no campo da cultura musical desta cidade. Por ela e, ao longo da sua existência, têm passado personalidades ligadas à cultura universal, salientamos, entre outros, os nomes de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Fausto, Sérgio Godinho, Carlos Lira…A exuberância “maior” da casa reside no seu apanágio:



Seja bem-vindo quem vier por bem, é o 'slogan' desta casa de fados que há mais de três décadas tem enriquecido a noite de Coimbra; a frase foi retirada de uma canção de ZECA AFONSO, um dos muitos artistas famosos de intervenção que já actuaram nesta casa...




PARA APRECIAR.....




ao Zé Leitão peço desculpa se a sequência das fotos não é esta...

fotos enviadas por José Leitão

Association Culturelle Portugaise de Strasbourg







No passado dia 5 de Junho a ACPS organizou um SARAU de Fados de Coimbra.

O grupo de Guitarras de Coimbra cantou e encantou o muito público que ocorreu à magnifica "Sala MOZART

A Sala MOZART pela sua acústica permitiu um espectáculo sem artifícios, unicamente as vozes eo som das guitarras vibrou naquele que é considerada uma das mais belas salas de Srasboug.

O Grupo composto de seis antigos estudantes de Coimbra conseguiu pela sua simpatia e magifica prestação captar a atenção das pessoas presentes que eram de nacionalidades tão diferentes como:peruanos, mexicanos, espanhóis, alemães, franceses, ingleses e claro portugueses.

Um espectáculo que a ACPS promete repetir!

enviado por Bobbyzé



A DÍFICIL ARTE DE FAZER RIR ..

Octávio de Matos ...e não só ...
“…Eu sei que tenho um jeito, meio estúpido de ser..”, assim diz a canção da brasileira Maria Bethânia. Por vezes, penso que esta frase me assenta como uma luva. Explico-vos: emociono-me com facilidade. E, ontem à noite, quando no anfiteatro ao ar livre de Lagos, se apresentava uma “Revista” com um elenco conhecido, não pude deixar de sentir uma estranha emoção, quando vi entrar em palco o popular actor Octávio de Matos. Há anos, há mesmo muitos anos, tive a oportunidade de o ver representar numa sala de espectáculos lisboeta. E ontem, por cerca de duas horas, a nossa trajectória de novo coincidiu nos caminhos da vida. Ele, como actor, e eu como espectador do seu talento. Os anos, embranqueceram-lhe o cabelo. E está um pouco mais anafado. Mas a graça, essa, continua intacta. Melhor dizendo: refinou-se. É um dotado na arte de representar a “Revista à Portuguesa”. E naquela noite quente de Lagos, bem acompanhado de uma outra Senhora do teatro de Revista - Natalina José – Octávio de Matos deu largas à sua extraordinária comicidade. É justo de referir aqui, o grupo de novos actores, que ajudaram, em muito, à festa. De salientar que o anfiteatro estava bem composto, o que, só por si, dá logo outro colorido ao espectáculo. Rapidamente Octávio de Matos conquistou as simpatias do público. Pequeno de tamanho, mas enorme nessa arte difícil de pisar um palco, falava para a plateia em delírio, metendo “buchas” que nada tinham a ver com o papel a desempenhar. Resultado: os artistas que contracenavam com ele, desfaziam-se também a rir, e espectáculo ficava parado. Octávio, ria-se também, e dizia para Natalina José: “de que é que te estás a rir? … aqui só tem direito a rir o público, que pagou bilhete...” E ainda se riam mais. Foi uma noite de rábulas bem construídas, umas atrás das outras. De permeio, fado lisboeta cantado por uma jovem de excelente voz, em homenagem a Amália. Já quase no final do espectáculo, numa rábula sobre “perguntas escusadas”, Octávio de Matos, beija – ou faz que beija – uma actriz nova e “muito bem dotada” , empregada lá de casa, e entra Natalina José, que faz o papel de mulher dele, e lhe diz de olhos arregalados e voz agreste:”… António, estás a beijar a criada???!!!..".e ele responde com aquele seu trejeito de cara impagável e voz esganiçada: ”… não filha, estou a beijar o Cavaco Silva…”. Já no final, em tom coloquial, falou com o público. O actor despiu o seu manto de fantasia. Era de novo o cidadão comum. Como todos os que ali comungávamos daquele momento. Fiquei com a ideia de ser um excelente ser humano. E pude observar o carinho com que era tratado por todos os outros. Novos, ou menos novos. Natalina José chamou-lhe “irmão”, companheiro de trabalho de uma vida. Afinal, de uma vida consagrada ao Teatro de Revista . Aquele que é considerado, por alguns intelectuais da nossa praça, o parente pobre do nosso teatro. Mas, na verdade, em tempos que não são assim tão remotos, foi aquele género de espectáculo que mais eco fez do nosso mau estar colectivo, quando partíamos para Sul, tentando contrariar os Ventos Da História. Muitos destes actores, estiveram na primeira linha de combate, alguns sofrendo os dissabores da ousadia. E assim nos despedimos. Não sei se as nossas órbitas de vida se voltarão a cruzar. Mas, se nunca mais nos voltarmos a ver, obrigado Octávio de Matos pelo muito do que deu - e continua a dar - ao teatro português.
Quito Pereira

E NÃO É QUE ELE DISSE TUDO|!

enviada por Celeste Maria

GESTÃO ESTRATÉGICA EM 6 AULAS - PARTE V E ÚLTIMA



6ª aula

Um fazendeiro resolve colher algumas frutas em sua propriedade, pega
um balde vazio e segue rumo às árvores frutíferas. No caminho ao
passar por uma lagoa, ouve vozes femininas que provavelmente invadiram
suas terras. Ao se aproximar lentamente, observa várias belas garotas
nuas se banhando na lagoa, quando elas percebem a sua presença, nadam
até a parte mais profunda da lagoa e gritam: - Nós não vamos sair
daqui enquanto você não deixar de nos espiar e for embora. O
fazendeiro responde: - Eu não vim aqui para espiar vocês, eu só vim
alimentar os jacarés!

Conclusão: *A criatividade é o que faz a diferença na hora de
atingirmos nossos objetivos mais rapidamente*.


Enviado por António Adão

quarta-feira, 21 de julho de 2010

ANIVERSÁRIO DA IDA A LUA


Era domingo… Durante todo o dia a rádio ia noticiando a chegada do homem à Lua… A célebre frase do astronauta afirmando que o passo que acabara de dar em solo lunar era um passo de gigante para a humanidade, era escutada repetidamente nos pequenos transístores que nos mantinham ligados ao mundo.

Claro que não havia televisão na Guiné e, mesmo que houvesse, jamais seria vista em Samba Cumbera, pequena tabanca onde a luz nos era fornecida através de garrafas de cerveja cheias de petróleo, nas quais se embebiam torcidas de desperdício que, depois de acesas, nos enchiam os pulmões de fuligem e fumo.

Mas nos confins da mata, longe de toda a civilização, a importante notícia precisava de ser partilhada e divulgada... Os soldados se encarregariam de o fazer à sua maneira, junto das bajudas.Por mim, preferia meditar sobre o assunto, silenciosamente... Afinal os nossos avós jamais imaginariam que alguma vez o homem pudesse chegar à Lua, apesar de Júlio Verne, o visionário do século anterior, já o ter previsto…

E, longe das mais modernas evoluções da ciência e da tecnologia, os naturais da Guiné que nasciam e morriam na sua aldeia da selva sem nunca sairem do pequeno perímetro onde viviam, muito menos sonhariam com essa utópica possibilidade de o homem chegar à Lua.

Como muitas vezes fazia, depois de jantar, sentei-me numa cadeira de fula, onde descansava semi deitado, olhando o céu, nessa noite muito limpo e estrelado…Bem alto, a luz branca da lua, em quarto crescente, derramava-se pela orla da floresta e pelos cones de capim dos telhados das tabancas, desenhando sombras fantasmagóricas pelo terreno limpo do centro da aldeia.

E mantive-me assim deitado, o olhar fixo na lua, tentando perscrutar o mais pequeno sinal da presença do homem que eu sabia estar ali vagueando, em qualquer lugar do Mar das Tempestades…

Não sei quanto tempo assim me mantive, absorto, atento e quieto… Despertei e voltei à realidade com a voz do meu simpático amigo Samba, Chefe da Tabanca de Samba Cumbera, que me perguntava se podia sentar-se a meu lado, para o qual arrastara uma cadeira semelhante à minha…

Era um homem de grande cultura árabe, que conhecia muito da história do islamismo, que sabia com um estranho rigor a exacta direcção de Meca, que lia e escrevia árabe, que conhecia em pormenor toda a história dos Fulas e da razão de ser da sua permanência na terra da Guiné… Para onde, dizia, foram empurrados em sucessivas lutas tribais com os seus rivais Mandingas…

As nossas conversas eram normalmente muito agradáveis e, posso dizer, sempre aprendi mais com ele do que ele comigo…Temos a tendência e o preconceito de avaliar os outros, pelos nossos parâmetros e pela nossa cultura, catalogando-os de bárbaros e analfabetos só porque não têm o conhecimento e a instrução, medidos pelos nossos padrões.

Aprendi que no meio daquela gente, existiam homens com conhecimento mais vasto e aprofundado que muitos dos nossos soldados… O Samba era um deles…Perguntou-me porque estava tão pensativo e quieto… Respondi-lhe que aquela noite era muito especial para o mundo, porque estava se passando algo que nunca antes tinha acontecido…

Franziu o rosto, comentando que, pelo meu ar, não devia ser coisa boa… Sorri, dizendo-lhe que era exactamente o contrário…E, embora sabendo de antemão a resposta, perguntei-lhe apenas como forma de iniciar a revelação do que estava acontecendo:
- Sabes que neste preciso momento um homem como nós caminha na lua que está ali em cima diante dos nossos olhos?

A reacção foi inesperada e contrária a tudo o que eu teria imaginado:
- Alfero! Não é um homem como nós, não! É o profeta Maomé que, juntamente com Alá dali nos vigia a todos, para nos proteger, nos ensinar o caminho justo e para nos castigar quando dele nos desviamos…

E prosseguiu:
- Como é possivel que homem grande e instruído como o Alfero, só hoje soubesse isso? Não entendo mesmo!...

Pensei durante uns segundos se devia argumentar, puxar dos meus galões de homem civilizado, e demonstrar-lhe a minha suposta superioridade, provando-lhe que não era nada daquilo que ele dizia. Desisti de o fazer…

Afinal, ambos nos estávamos alimentando de sonhos… e, cada um à sua maneira, sentíamo-nos felizes pela beleza insubstituível de um luar africano em noite calma e límpída…Independentemente de quem lá estava caminhando naquele momento…

Rui Felício,
Ex-Alferes Mil Inf,
3º Gr Comb
CCAÇ 2405
(Dulombi, Guiné, 1968/70)

P.S. - Passados dias, com a chegada de um jornal de Lisboa, mostrei-lhe as fotografias do astronauta pisando a Lua. E, então expliquei-lhe o que realmente se tinha passado naquela noite… Pelo seu ar meio trocista, ainda hoje não sei se o convenci… Mas como ele também não me convenceu que por lá andavam Alá e o Maomé, ficamos quites, cada um na sua... em paz!

UMA PARTIDA DO BOBBYZÉ Á ELIZABETH!



A minha garota de IPANEMA!

Foi no famoso verao de 69 que nos conhecemos. Magnifico verao que inspirou o BRIAN ADAMS a compôr o seu famoso hit " Summer of 69"! Meu Deus, jà là vao 41 anos!!

Naquele tempo, andàvamos por MIRA e a referência a IPANEMA estava bem patente naquela bossa nova de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que interpretàvamos com as nossas guitarras, em noites de pleno luar, na Barrinha, às francesinhas que todos os anos vinham para a Pensao do MiraSol. Sim,sim. Nao se riam,estàvamos em pleno boom do Romantismo! (acabo de descobrir que na palavra "riam" se esconde a màgica "mira"). Eramos uns Beach Boys sem California nem prancha de surf. Aliàs, nem precisàvamos. As guitarras e o nosso "savoir-faire" superavam tudo isso. Viveram-se ali momentos extraordinàrios. Contruiram-se e desfizeram-se amôres de praia! "Sealed with a Kiss" cuja versao francesa se intitulava "Derniers Baisers" resumia bem a incerteza desses amôres furtivos:


Quand vient la fin de l'été sur la plage
Il faut alors se quitter peut-être pour toujours
Oublier cette plage et nos baisers
Quand vient la fin de l'été sur la plage
L'amour va se terminer comme il a commencé
Doucement sur la plage par un baiser

Le soleil est plus pale mais nos deux corps sont bronzés
Crois-tu qu'après un long hiver notre amour aura changé ?
Quand vient la fin de l'été sur la plage
Il faut alors se quitter les vacances ont duré
Lorsque vient septembre et nos baisers

Quand vient la fin de l'été sur la plage
Il faut alors se quitter peut-être pour toujours
Oublier cette plage et nos baisers, et nos baisers
Et nos baisers !



Hoje, toda estas tecnologias modernas aliadas a uma velocidade estrondosa que se atribui ao "tempo que passa" nao dao aso à meditaçao que seria necessària para se revivêr esse passado. Publicam-se fotos ou videos mas pouco se vive o conteudo!Eu tento viver as coisas intensamente. Obviamente, estou virado para o futuro mas reconheço que muitos de nos, tivémos uma adolescência dourada.

E aqui surge o nosso amôr pela Musica! Esta foto, data do ultimo Festival de Blues no Luxemburgo e resume bem a nossa extraordinària cumplicidade. Em todas as entrevistas que faço, a Elisabeth està sempre ao meu lado e ocupa-se com muito brilho da ardua tarefa de imortalizar fotogràficamente, esses bons momentos de convivio com os musicos ou bandas.

Agora, em vésperas de irmos ao encontro dum grande Senhor, certamente responsàvel pelos vossos melhores engates, graças ao eterno slow "A Whiter Shade Of Pale", a excitaçao que nos anima desde o principio desta aventura, continua sempre bem presente! Imaginem bem, qual serà a nossa emoçao ao encontrarmos no dia 6 de Agosto, o Snr.GARY BROOKER e os seus PROCOL HARUM!!!!!

Bobbyzé

NB-Como sabem, a Elisabeth nao gosta là nada de se vêr nas luzes da ribalta!Se ela lê isto, temos concerto! Paciência!



fotos e texto de Bobbyzé