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terça-feira, 13 de julho de 2010

BOA NOTÍCIA!




DESASSOREAMENTO DO RIO

Dragas vão repor leito
do Mondego aos níveis de 1985



Durante dois anos serão escavados, nos trabalhos de desassoreamento, mais de sete quilómetros de rio

Os trabalhos de desassoreamento da albufeira do Açude-Ponte vão permitir a remoção de 1,07 hectómetros cúbicos de areia do leito do Mondego, numa extensão superior a sete quilómetros.
Os dados constam do documento que estará disponível para consulta pública a partir de hoje e até 16 de Agosto, tendo em vista a avaliação de impacte ambiental deste projecto, da responsabilidade da Administração da Região Hidrográfica do Centro (ARHC).
No início deste ano, em declarações ao Diário de Coimbra, a presidente da ARHC, Teresa Fidélis, admitia a possibilidade de serem iniciados em Agosto os trabalhos de desassoreamento, há muito reclamados sobretudo pelos clubes de desportos náuticos e pela empresa que gere o barco turístico Basófias.
O processo foi no entanto atrasado por uma exigência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), que considerou que os trabalhos careciam da apresentação de um Estudo de Impacte Ambiental (EIA).
Esse estudo está agora disponível durante 25 dias úteis para consulta pública, na Câmara Municipal de Coimbra, CCDRC, Agência Portuguesa do Ambiente (APA), podendo ainda ser consultado a partir de hoje um resumo não técnico no site da APA (www.apambiente.pt) e nas juntas de freguesia da área de intervenção (Almedina, Castelo Viegas, Ceira, Santa Clara, Santa Cruz, Santo António dos Olivais, S. Bartolomeu e Torres do Mondego).
Este procedimento, que permite a participação das entidades e cidadãos interessados na apreciação do projecto, precede o licenciamento, ficando o lançamento do concurso a depender da Declaração de Impacte Ambiental – que, segundo informou a Agência Portuguesa do Ambiente, deverá ser emitida até ao próximo dia 15 de Outubro.
O EIA justifica os trabalhos de desassoreamento com a necessidade de garantir a navegabilidade e utilização lúdica do rio, bem como para reduzir os níveis de cheia, sobretudo na zona da foz do rio Ceira.
O objectivo é atingir sensivelmente os níveis do leito que existiam antes da construção do açude. O leito da albufeira do Açude-Ponte acumulou, entre 1985 e 2008, cerca de 1,26 hectómetros cúbicos de sedimentos, volume que, de acordo com os estudos efectuados, poderá ser retirado «praticamente na sua totalidade, sem que isso tenha qualquer efeito, positivo ou negativo, no estado do leito do rio a jusante do açude».

Areia vendida
vai pagar a obra
Outra conclusão destes estudos indica que, a jusante do açude, o leito do Mondego tem «sofrido erosões importantes nos últimos 20 anos, desde que foi implantado o Projecto de Regularização do Baixo Mondego».
Os 1,07 hm3 de areias removidos nesta empreitada serão comercializados, gerando receitas que se calcula virem a ser superiores aos custos de extracção, pelo que, refere o EIA, «os valores excedentários poderão ser aplicados em medidas de minimização das erosões ocorridas a jusante do açude».
Os trabalhos, que deverão estender-se por um período previsível de dois anos, vão incidir numa extensão de 7200 metros de rio, entre o açude e 1600 metros a montante da ponte ferroviária da Portela. A ARHC optou por desassorear a albufeira sem recorrer ao seu esvaziamento, pelo que serão usados equipamentos flutuantes (dragas) na maior parte do rio, mas também os meios de escavação convencionais (escavadoras e camiões) nas zonas menos profundas.
Até serem vendidas, as areias retiradas do rio serão depositadas em três locais distintos: na margem esquerda junto ao Açude-Ponte (no local da antiga pista de motocross) e num terreno do antigo estaleiro das obras da Ponte Rainha Santa; e na margem direita próximo do Pólo II da Universidade, na zona do Rebolim.
O EIA considera irrelevantes os impactes ambientais desta empreitada, nomeadamente na qualidade da água do Mondego, e calcula inclusive que nos próximos 20 anos «não terá influência significativa quer na erosão da zona das quedas a jusante do Açude-Ponte, quer no progressivo assoreamento da albufeira».
Admite, no entanto, que as obras possam impedir parcialmente a utilização do plano de água para desportos náuticos, mas conclui também que o desassoreamento da albufeira «contribuirá para que o Açude-
-Ponte de Coimbra cumpra o seu objectivo de controlo de cheias de forma mais adequada»
.
Escrito por Manuel de Sousa


Enviada por email por José Leitão

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