TERMO DE ENCERRAMENTO
Tendo cumprido “a sua missão” CABRITO de SICÓ” e foto de PENELA…chegou o momento de dar novo rosto a este meio de comunicação – blog - entre os amigos/as que desde o dia 18 de Outubro de 2008 se identificam com “O ENCONTRO DE GERAÇOES. Cabrito de Sicó e Penela dão lugar a http://EncontroGeracoesBNM.blogspot.com/ a um novo rosto gráfico com três motivos emblemáticos que marcam para sempre esse inolvidável dia de 2008! O desenho gráfico do Lino Pereira, a foto do Bairro e uma panorâmica da nossa cidade de Coimbra, de "COTA 13"
A todos os amigos/as que colaboraram em Cabrito de Sicó, postando ou comentando e também aos que passavam por lá só para ler, os nossos agradecimentos, esperando agora no novo blog (que recebeu todo o legado do Cabrito de Sicó), a continuação da vossa colaboração!
UM ABRAÇO!
O ADM
Fernando RAFAEL
sábado, 14 de agosto de 2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
A PRAIA DA MINHA SAUDADE

Vivo acorrentado a memórias. E à saudade. E se a bela cidade da Figueira da Foz é o ponto de referência de muitos, é na Praia de Mira que me sento no regaço de minha mãe. Para ali fomos de férias muitos anos. E nem sequer preciso de olhar a praia, para desfiar o meu rosário de recordações. Na entrada da povoação, quem vem pela avenida principal, passando um pequeno pontão, encontra, ao seu lado direito, uma singela casa. E foi aí, que passei alguns dos melhores momentos da minha vida. Ainda recordo o meu pai, de calções brancos, a remar tranquilamente nas águas calmas da Barrinha, enquanto nos cruzávamos com os barcos da apanha do moliço. Carregados, deslizavam em silêncio, com o seu timoneiro à ré, que, com uma longa vara, impulsionava a embarcação na sua rota. Depois, lembro aquele mar revolto. E as barracas, de listagem colorida, perfiladas no areal. Quantos conhecimentos ali fiz, de gentes de outras regiões do nosso Portugal!!! Recordo, com saudade, aqueles que zelavam pela mata. Não posso deixar de falar deles, pelo menos, dos que a memória ainda me consente: o Páscoa, o Bastos, o Arrais, o Heitor, o Clemente, o Miranda e alguns outros. E ao lembrar aquele mar, detenho o meu olhar na arte xávega. E da preocupação que era para os familiares dos pescadores, a partida dos barcos, para a faina. E nós ali, a comungar daquela aflição partilhada. À proa, o mestre comandava a remada. No meio, dispostos dois a dois, os remadores, em número de doze. E à ré, o pescador que ia lançando a corda e tinha a função de deitar as redes. A luta era dura. De proa empinada ao céu , como pedindo a protecção Divina, o barco galgava a primeira onda, para depois quase submergir no mar cavado. Depois, o segundo e terceiro assalto, até deslizar agora num mar mais sereno e se afastar em remada larga e compassada. Depois, por lá ficava umas horas, esfumado no horizonte, que mal dava para se distinguir o seu dorso robusto e amarelado. A chegada era outra correria. Os bois, que até ali esperavam pacientemente o regresso da embarcação, corriam agora num “vai-vem”pelo areal, por forma a não deixar escapar o peixe do emalhado da arte. A rede, logo que chegava, era cercada pelos banhistas, enquanto alguns miúdos, de gatas, apanhavam este ou aquele exemplar fugido das redes. Depois era a lota. E o Balseiro, com a pala do boné descaída sobre os olhos e a sua prodigiosa barriga, a licitar os cabazes. E as varinas de anca cheia, no dizer de Cesário, maioritariamente vestidas de negro, a colocarem os cestos à cabeça em cima de uma rodilha, e a abandonarem a praia em passo curto e apressado, levando o pescado para a praça. Mais tarde, muito mais tarde, foram as passagens pelo parque de campismo. Do aspirar o aroma dos pinheiros, ao entardecer. Do acender o “petromax”, e de ouvir o murmurar dos outros campistas na penumbra. O cheiro do frango assado, das sardinhas e dos pimentos. E a voz coada do mar, para lá das dunas. E é aqui, nesta minha solidão campesina, que por vezes cerro os olhos e caminho pelo deserto dos sentidos, remando - tal como o meu pai na Barrinha - pelo Tempo pretérito, resvalando nas minhas deliciosas e infindáveis memórias.
Quito Pereira
Quito Pereira
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
BEATLES
A 12 de Agosto de 1960 "nasceram" os The Beatles !!! Faz hoje 50 anos!!!
Yesterday
The Beatles
Composição: Lennon / McCartneyYesterday
All my troubles seemed so far away
Now it looks as though they're here to stay
Oh, I believe in yesterday
Suddenly
I'm not half the man I used to be
There's a shadow hanging over me
Oh, yesterday came suddenly
Why she had to go I don't know
She wouldn't say
I said something wrong now I long
For yesterday
Yesterday
Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
Oh, I believe in yesterday
Why she had to go I don't know
She wouldn't say
I said something wrong now I long
For yesterday
Yesterday
Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
CROMOS DO NOSSO BAIRRO
Pessoal, chegou hoje à Papelaria Celeste uma lata nova com cromos!
Eu já lá fui e sairam-me estes para a troca:
Nº 1 - CELESTIAL MARY - A Castelã
Nº 2 - RUY DUCK - O Perfeito
Nº 3 - NATALINHA - A Contabilista
Nº 4 - ZECA ABILIUS - A Chefona
*****
NOITES TÓRRIDAS EM COLMAR!
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
AMAR NO MAR

Aguarela - Pintor anónimo que expõe nas ruas da Ericeira
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Hoje de manhã a maré estava baixa, como eu gosto.
É quando, durante umas horas, o mar nos revela parte dos segredos de uma vida esfusiante que se abriga nas rochas, onde a erosão milenar foi escavando túneis e grutas que protegem os seres marinhos dos seus predadores.
Serpenteando, a água límpida, num ondular repetitivo, mas nunca repetido, vai banhando as rochas descobertas, as algas, os musgos, os ouriços, os moluscos, os pequenos peixes, até os insectos.
A mim, acariciava-me as pernas meio submersas, intrusas…
Involuntariamente, fixo o meu olhar num casal, mais à frente, recoberto pela água, entregue à loucura de um apertado abraço.
Bolhas de ar subiam velozes, desfazendo-se em espuma à tona de água, como capitoso champanhe.
Presenciar a beleza de um acto de amor, em invulgar ambiente aquático, afastou os pruridos que a razão me aconselhava. Foi mais forte do que eu, invadir a privacidade daqueles jovens…
A refractária ondulação permitia-me adivinhar, mais do que realmente ver, deformadas, as imagens dos braços enleados, das pernas entrelaçadas, das bocas coladas, dos corpos fundidos num só.
É quando, durante umas horas, o mar nos revela parte dos segredos de uma vida esfusiante que se abriga nas rochas, onde a erosão milenar foi escavando túneis e grutas que protegem os seres marinhos dos seus predadores.
Serpenteando, a água límpida, num ondular repetitivo, mas nunca repetido, vai banhando as rochas descobertas, as algas, os musgos, os ouriços, os moluscos, os pequenos peixes, até os insectos.
A mim, acariciava-me as pernas meio submersas, intrusas…
Involuntariamente, fixo o meu olhar num casal, mais à frente, recoberto pela água, entregue à loucura de um apertado abraço.
Bolhas de ar subiam velozes, desfazendo-se em espuma à tona de água, como capitoso champanhe.
Presenciar a beleza de um acto de amor, em invulgar ambiente aquático, afastou os pruridos que a razão me aconselhava. Foi mais forte do que eu, invadir a privacidade daqueles jovens…
A refractária ondulação permitia-me adivinhar, mais do que realmente ver, deformadas, as imagens dos braços enleados, das pernas entrelaçadas, das bocas coladas, dos corpos fundidos num só.
Num frenesim!
Uma e outra vez a água revolteava-se quando os corpos daqueles jovens surgiam à tona, já indiferentes aos olhares estranhos, perto do êxtase.
Subitamente, a calmaria…
Ainda os vi, de mãos dadas, deslizarem suavemente, lado a lado, afastando-se, saciados, em direcção a uma rocha mais longínqua.
Amanhã vou estar de novo naquela praia. Gostava de poder agradecer àqueles dois jovens polvos, por me terem mostrado a beleza do amor dentro de água…
Rui Felício
Caderneta de Cromos - Proposta de capa
Não se trata de nenhum "caglatorium armanddus" (à moda de Viana, penso eu) mas sim, como diria o amigo Felício, de um "abracum solidarium"* de quem "salutantem resaluta"* nesta foto, proposta para capa de uma caderneta de "Cromos do nosso Bairro":
*O texto é baseado no resultado da aprendizagem ministrada no "Colégio Rucas Fellícium", que poderia, legitimamente, ser integrado nos cursos das Novas Oportunidades!
**Praeferandum imaginarium quod nillins essere.
*O texto é baseado no resultado da aprendizagem ministrada no "Colégio Rucas Fellícium", que poderia, legitimamente, ser integrado nos cursos das Novas Oportunidades!
**Praeferandum imaginarium quod nillins essere.
A PROPÓSITO DA PRAIA DA FIGUEIRA DAFOZ

1ª Foto :JoãoNeto, Rafael, Mário Santos e João Azevedo.
2ª Foto: João Neto, Rafael e Mário Santos
3ª Foto:Rafael, João Neto e Mário Santos
4ª Foto: banho á antiga portuguesa..,(Figueira?talvez não)
5ª Foto:Lurdes Abegão, Clara Abegão, Olinda, (talvez Olinda saiba que está por trás dela), Paulo Rafael que penso terá ao colo Jorge Abegão, Guida Abegão(?) e de chapéu-quem será Olinda?
6ª Foto:barra da Figueira da Foz
ISTO entre 1953 e 1956!
O DORNIER

É neste recanto beirão, que vou lavrando a saudade dos meus tempos de inocência. E dos anos trigueiros da minha juventude. De bigode, cabelo longo e calças à “boca – de — sino”, passeei por Coimbra a primavera da minha existência. Não me lembro de ter muito a assinalar. Naquela época recuada, o meu pai era muito autoritário, e achava que a vida era feita a régua e esquadro. Mas não era. Diverti-me o que pude e o que me era permitido. Até ao dia em que abandonei o meu quarto, e me vi nas Caldas da Rainha, numa camarata com mais cento e cinquenta camaradas de armas. Deram-me uma roupa verde para vestir. Umas calças e umas botas… “… olha que o gajo “calça” o 39 de colarinho…” - disseram. E atiraram-me com uma camisa. Aparei-a com as mãos, para não me bater na cara. E foi logo ali que percebi, como aquele mundo estreito em que vivia, tinha mudado. Os livros que trazia a caminho do Dom João III, foram substituídos por uma metralhadora, e as correrias pelos Loios, passaram a ser na Tornada. Exausto, segui para Tavira. Os treinos endureceram. E a minha revolta também. E um dia, não quero lembrar qual, parti para África. Nunca lá tinha estado. Mas lá cheguei. Não como turista. Mas como soldadinho de lata. Reconheço que entrei pela porta pequena. De espingarda engatilhada e um espinho no coração. Dali a rumar ao leste da Guiné, foi um ápice. Num quadrado de arame farpado vivi. Dia após dia. Noite após noite. Vinte e oito longos meses. E naquele marasmo dos dias iguais, sobressaía o” pôr - do – sol”. Incandescente, o “astro – rei” pousava sobre a bolanha. Era quanto os cânticos africanos se misturavam com a esfinge imponente dos embondeiros. No ar, ficava uma atmosfera de mistério. Ao cair da noite, as vozes esmoreciam. E as noites ficavam iguais aos dias. Uma simbiose de calma e sobressalto. De repente, o dia tornava-se mais claro. Como o zumbido de um mosquito, umas asas de prata sobrevoavam o campo. Eram as asas da esperança. De notícias de Portugal. E da família. Envolto em poeira, o pássaro de ferro e alumínio, aterrava na pista. E nós, de longe, olhávamos para dentro do seu dorso. Fitávamos a nave, desconfiados. Até que um soldado, mais afoito, se aproximava. Expectante, percorria com os olhos a mercadoria, até encontrar o saco cinzento da correspondência. O dedo polegar em riste, virado para cima, era a mímica desejada. Depois o ritual do costume. A alegria e o drama de mãos dadas. Uns, recebiam as notícias naquele papel amarelo, e quase engoliam as letras. Outros, liam com um ar sério e compenetrado. E outros ainda, sorriam com as notícias da singela aldeia. Mas havia sempre os que sobravam. Os que não tinham sido contemplados na roleta dos afectos. Esses, como que envergonhados, deslocavam-se para os seus abrigos, onde, deitados de mãos atrás da nuca e olhos fixos no tecto de cimento armado, viam desabar o mundo. O pequeno avião, esse, liberto das suas obrigações, dava meia volta. E de novo envolto num manto de poeira, e o esbracejar desesperado do capim seco e ondulante, movido ao ritmo das pás do hélice, partia. Aos poucos, diluía-se no horizonte. E, de novo, ficávamos sozinhos. Entregues a nós próprios. E ao Destino. Restava-nos acalentar a esperança dos desafortunados daquele dia. E dizer-lhes que, se calhar, o correio deles se tinha atrasado. Que, na próxima vinda do DORNIER, ele lhes traria duas cartas. E assim vivíamos. Suspensos nesta balança de emoções. Dependentes das asas da esperança. E do desencanto.
Quito Pereira
Quito Pereira
UM GRITO DE RAIVA E IMPOTÊNCIA!
Um grito de raiva e de impotência!
No seguimento da postagem anterior "mudam-se os tempos,mudam-se as vontades"tão bem musicado e cantado,nos idos de 70,pelo Zé Mário Branco.
Um grito de raiva e de impotência pelo que sofrem,com a própria vida,aqueles que abnegadamente nos tentam socorrer nos momentos de aflição.
Com poucos meios,com uma coordenação pouco compreensível,eles vão morrendo no meio dos fogos.
Todos sabem,até o Ministro o afirma,que se trata de fogo posto.
Há dezenas de anos que a história é a mesma.
Há dezenas de anos que os bombeiros/as vão morrendo.
Quantas dezenas de anos durará o resto da floresta,e quantos bombeiros irão morrer?!
E quantos incendiários continuarão a pegar fogos,impunemente?!
E quantos polícias irão continuar a ser desreipeitados e punidos se,no cumprimento da sua missão,faltarem ao "respeito" ao senhor criminoso?!
E quantos chefes continuarão a dizer que é a vida e que estão a dar o seu melhor?!
E quantos,como eu,lutámos e acreditámos que era tempo de mudança?!
Um grito de raiva e de impotência,não contra este governo,contra todos os poderes e capelinhas que há 35 anos deitam o país ao fundo e vivem como nababos.
Deitaram-no tão ao fundo que até mandaram vir os submarinos para se safarem...
Honra às pessoas de bem.
No seguimento da postagem anterior "mudam-se os tempos,mudam-se as vontades"tão bem musicado e cantado,nos idos de 70,pelo Zé Mário Branco.
Um grito de raiva e de impotência pelo que sofrem,com a própria vida,aqueles que abnegadamente nos tentam socorrer nos momentos de aflição.
Com poucos meios,com uma coordenação pouco compreensível,eles vão morrendo no meio dos fogos.
Todos sabem,até o Ministro o afirma,que se trata de fogo posto.
Há dezenas de anos que a história é a mesma.
Há dezenas de anos que os bombeiros/as vão morrendo.
Quantas dezenas de anos durará o resto da floresta,e quantos bombeiros irão morrer?!
E quantos incendiários continuarão a pegar fogos,impunemente?!
E quantos polícias irão continuar a ser desreipeitados e punidos se,no cumprimento da sua missão,faltarem ao "respeito" ao senhor criminoso?!
E quantos chefes continuarão a dizer que é a vida e que estão a dar o seu melhor?!
E quantos,como eu,lutámos e acreditámos que era tempo de mudança?!
Um grito de raiva e de impotência,não contra este governo,contra todos os poderes e capelinhas que há 35 anos deitam o país ao fundo e vivem como nababos.
Deitaram-no tão ao fundo que até mandaram vir os submarinos para se safarem...
Honra às pessoas de bem.

Marcadores:incêndios
terça-feira, 10 de agosto de 2010
EGOISMO

Hoje tive que ir à Baixa.
Não vi nada de novo, mas o facto de lá não passar há muito tempo, tinha-me feito esquecer...
Concluí que a grande vocação do homem é fugir de si mesmo.
Sob a fiada de colunas que rodeiam o Teatro Nacional no Rossio, há um grupo de sem-abrigo. Ali fazem as suas camas de papelão, ali guardam os materiais que recolhem do lixo e ali se reúnem para as parcas refeições. Estão sujos, vestem trapos e encerram nos seus modos uma contradição quase necessária ao cenário urbano, como seu contraponto. Fazem parte da paisagem.
A presença deles aflige-me de maneira peculiar. Representam um ultraje aos meus costumes, à minha educação e ao meu aconchego. Como um espelho às avessas, olhar para eles traz-me lembranças da minha própria imagem. Lembro-me da habitual gravata que levo ao redor do pescoço, o fato e a camisa lavada e passada a ferro, a pasta na mão com documentos criteriosamente guardados. É nesse momento que a frase me vem à cabeça e percebo: a grande vocação do homem é fugir de si próprio. A indumentária, o perfume e a postura são apenas disfarces. São maneiras de ocultar uma natureza que é muitas vezes feia, suja e dolorosa.
Ao passar pelos mendigos, deixo uma moeda na mão espalmada que invade o meu caminho num gesto automatizado e numa lamúria que se repetirão ao longo do dia. No fim daquele braço não há um indivíduo, não há rosto, não há uma identidade. Há apenas uma boca a ser alimentada e um ligeiro intervalo na minha existência. A mão estendida é uma falha no sistema.
Aquela moeda que deixei nas mãos do mendigo não é sinal de bondade, nem de benevolência e nem sequer de compaixão. Ela só serve para acalmar a minha própria consciência, para tentar isentar-me de qualquer responsabilidade. É um álibi contra as acusações de um dedo inquisidor que me fere diante do espelho. Com o esquecimento, aquela moeda que deixo nas mãos do pedinte não existe. Aquela moeda, como tantas outras, é apenas uma ilusão.
Ao entrar no luxuoso escritório para onde me dirigi, esqueci a mágoa que, na rua, me mordeu por uns minutos.
E a vida continua...
Rui Felício
INSÓLITA SEPARAÇÃO

Meteu a chave à porta, tacteou o interruptor e o apartamento iluminou-se.
Desde que a mulher se foi, deleitava-se com o silêncio da casa ao regressar do trabalho.
Atirou a pasta para cima de uma cadeira, e foi espalhando por onde calhava, o casaco, a gravata, a camisa, os sapatos, as peúgas, as calças, à medida que se despia e se encaminhava para a casa de banho.
Desfrutou de um enorme prazer por saber que aquele seu comportamento a irritaria, se ela ainda ali morasse.
Vestiu uma t-shirt e umas calças de pijama e foi até à cozinha. Do amontoado de louça suja de vários dias, escolheu um prato, um copo e uns talheres que passou por água. Apanhou duas embalagens de comida atrasada que caíram no chão quando abriu a porta do frigorifico e procurou, no meio daquela desarrumação, um bocado de queijo, umas fatias de fiambre e um pacote de manteiga já aberto, para petiscar qualquer coisa. Foi buscar um papo seco e despejou vinho no copo.
Passou o esfregão num tabuleiro sujo e colocou nele a comida, o prato, o copo e os talheres.
Estendeu-se, com o tabuleiro ao colo, no sofá da sala cheio de nódoas, e lá conseguiu ligar a televisão, depois de três ou quatro murros no antiquado aparelho. Era um cerimonial imprescindível para que a imagem finalmente aparecesse.
Passava um debate entre dois políticos...
Voltou a lembrar-se do gozo que lhe dava estar a ver aquele programa chato e inconclusivo, pensando na irritação dela, se ali estivesse, a refilar por querer ver a telenovela.
Estiveram casados durante 15 anos, mas os últimos cinco foram um cenário de tragédias, de discussões intermináveis, de insuportável convívio. O que aconteceu não foi surpresa, portanto.
Espantou-se por, naquela noite, estar a pensar tanto nela. Estupidamente, chegou a pensar que se tivesse o seu número de telefone, tentaria ligar-lhe! De qualquer modo, não o tinha...
Lembrou-se de quanto ele desejara ter tido filhos, sem nunca os ter porque ela sempre se tinha recusado.
Reconhece, agora, que ainda bem que assim foi.
Que inferno seria a vida dessas crianças, órfãs de mãe e com um pai que a assassinou?
Rui Felício
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
AINDA A SARDINHADA DE QUIAIOS...
O Branquinho ainda sem óculos escuros...mas no fim da actuação do Rui Pato e Alfredo-vídeo abaixo- saíu e voltou de óculos escuros!
A emoção e a saudade têm destas ocasiões inesperadas!
Foi um dia com muito convivio com a presença do Pombalinho na sardinhada e muita alegria e emoção no final na garagem do Chaves...para além do lanche...
Dedica-se esta actuação a todos os participantes mas em especial ao Branquinho e ao CHAVES...que tinha logo ali á mão uma viola!
texto :Rafael
texto :Rafael
fotos :Celeste Maria e J. Leitão
Vídeo: Celeste Maria
marcadores:sardinhada-Quiaios
O COLECTIVISMO DE OUTRORA

EM CASA
Nas casa antigas, havia dois locais bastante importantes:
- A Lareira: local privilegiado para a família se reunir. À noite, enquanto a ceia se fazia, e depois ao serão, eram os momentos oportunos para a transmissão de histórias, experiências e saberes, que transitavam de geração em geração. Era à lareira que se combinavam as tarefas dos próximos dias.
“À volta da lareira, como se de altar se tratasse, era contada e conversada a vida, projectava-se o futuro. Contavam-se histórias, transmitiam-se ensinamentos. A lareira tinha um significado muito lato que abarcava intimidade, reunião, aconchego, sonho, fantasia, tudo se consubstanciando na liturgia do pão e do vinho e também da palavra acesa – oração comum, escola primeira, mesa e comunhão. Mesa e comunhão nas noites de inverno ou verão, onde todos, recolhidos no abraço do calor doméstico, comiam, picando com o garfo de pequenas ou grandes bacias de barro, as batatas, as hortaliças e o conduto que lhes cabia escasso – uma sardinha partida por dois ou mais, ou uns torresmos de carne de porco frita.”
- A Adega: local de convívio social onde se reuniam os amigos.
“A adega, por sua vez, pode dizer-se que era a sala de visitas do lavrador, que a outra era apenas utilizada duas ou três vezes por ano. Obrigatoriamente era pela Páscoa, abrindo-a à cruz... Voltando à adega, onde o lavrador respeitava os vizinhos e amigos, chamando-os para ‘provar as águas’ ou ‘registar a passagem’ e ao copo de vinho que era em casa do lavrador o grande acto litúrgico da amizade e da camaradagem, reconhece-se que aquele era o local onde apetecia estar...” enviado por J.Leitão marcadores:colectivismo
domingo, 8 de agosto de 2010
ANIVERSÁRIO!
ACTUALIDADE BOBBYZÉ!
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